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Foto do escritorJorge Guerra Pires

A Falácia da Ciência Criada pela Religião







Uma argumentação bem irritante é que religiosos criaram a ciência. Já ouvi essa em inglês e português. Eles compartilham uma lista de cientistas supostamente religiosos. Essas lista esquecem dois pontos.


Primeiramente, os cientistas religiosos geralmente não acreditavam no Deus do crente, o Deus de Abraão. Quando o faziam, eram cientistas antigos. Segundo, acreditar em Deus significa sobrevivência física e social. Recentemente, isso recente, Einstein foi negado como professor em Praga por não ter religião. A religiosidade desses cientistas eram mais para evitar a morte física, profissional e social.



Um dos argumentos frequentemente utilizados por defensores da compatibilidade entre religião e ciência é a ideia de que a ciência foi criada ou amplamente promovida pelas instituições religiosas. À primeira vista, a história parece corroborar essa tese: muitos cientistas renomados eram religiosos, e algumas descobertas ocorreram dentro de contextos religiosos. No entanto, quando analisamos profundamente, percebemos que essa narrativa é uma falácia histórica.

A Promiscuidade Forçada Entre Ciência e Religião

Durante a maior parte da Idade Média e da Renascença, a Igreja dominava o cenário educacional e intelectual da Europa. Universidades, bibliotecas e mesmo a prática da ciência experimental estavam sob supervisão religiosa. Isso fez com que muitos dos primeiros cientistas fossem monges, padres ou teólogos. Contudo, essa relação não indica uma harmonia, mas sim uma relação de conveniência:

  • A Igreja detinha o monopólio do conhecimento. Para estudar astronomia, botânica ou física, era necessário estar inserido no sistema eclesiástico.

  • Muitos cientistas enfrentaram censura. As descobertas que contradiziam dogmas, como a teoria heliocêntrica de Copérnico e Galileu, foram recebidas com hostilidade.

A ciência era tolerada pela religião enquanto não ameaçasse a autoridade dogmática. Quando o fazia, o resultado era repressão.

Os Cientistas Religiosos e Seus "Deuses"

Outro equívoco comum na defesa de uma ciência fundamentada na religião é a simplificação das crenças de cientistas religiosos.

  • Isaac Newton, frequentemente citado como exemplo de cientista crente, acreditava em um Deus como um grande matemático, uma força que organizava o universo. Esse Deus não correspondia ao Deus do cristianismo popular, que responde a orações e realiza milagres.

  • Albert Einstein, embora rejeitasse o ateísmo em seus próprios termos, descreveu Deus como a harmonia do cosmos, não como uma entidade consciente.

Esses conceitos de Deus eram filosóficos, não religiosos. Muitos desses cientistas estavam mais próximos do deísmo ou de uma visão metafórica de divindade, algo bem distante das religiões organizadas.

Perseguição a Ateus e Pensadores Divergentes

Historicamente, não era apenas perigoso desafiar dogmas religiosos; era mortal. Pensadores ateus ou céticos enfrentaram perseguições severas:

  • Giordano Bruno, queimado na fogueira em 1600, é um exemplo trágico de como a Igreja tratava ideias heréticas.

  • Outros, como Galileu Galilei, foram obrigados a abjurar suas descobertas ou enfrentar sérias punições.

Muitas vezes, os cientistas que eram religiosos declaravam sua fé por autopreservação ou porque viviam em uma época em que a descrença pública não era uma opção viável.

A Ciência Floresce Fora da Religião

A Revolução Científica (séculos XVI e XVII) marcou um ponto de ruptura. A ciência começou a se libertar das amarras religiosas, passando a basear-se na observação, experimentação e raciocínio lógico, em vez de textos sagrados.

  • A partir do Iluminismo, o método científico consolidou-se como uma prática independente, rompendo com a necessidade de aprovação religiosa.

  • Hoje, a ciência moderna é construída sobre uma base de ceticismo e abertura ao erro, características que contrastam com a fixidez dos dogmas religiosos.

A Verdade Sobre a Origem da Ciência

Dizer que a religião criou a ciência é simplificar a história. A ciência é um esforço humano que surgiu em várias culturas, muitas vezes apesar da religião, e não por causa dela. O pensamento crítico, a experimentação e a busca pela verdade não são exclusivos de nenhuma tradição religiosa, mas sim atributos universais da humanidade.

Reconhecer que indivíduos religiosos contribuíram para a ciência é justo. Contudo, afirmar que a religião criou a ciência é ignorar a resistência, censura e perseguição que muitos pensadores enfrentaram em nome da liberdade intelectual. A ciência é um campo que floresce em ambientes onde há liberdade para questionar, duvidar e explorar — algo que, historicamente, as religiões raramente proporcionaram.

Conclusão: A narrativa de que a ciência nasceu da religião é uma falácia que desconsidera o conflito latente entre essas esferas ao longo da história. A ciência é um triunfo do pensamento humano que prospera na autonomia, e não na subordinação aos dogmas.


 

Suposta lista de cientistas religiosos


Essa seria uma lista de religiosos que inventaram a ciência, compartilhada na internet:


Lembrando que o primeiro cientista do mundo foi Talles de Miletto ( criacionista )


Lembrando também, que a primeira escola de ciências, foi criada pelos Papas em 1603, com o Nome de Academia LINCE que existe até hj.

A centenas de outros nomes. Segue abaixo alguns ex

Padres cientistas

01- Genética-

Gregor Mendel, ao estudar as ervilhas, este monge católico que viveu de 1822, a 1884, fez descobertas científicas que deram origem a Genética.

02- Células -

Jean Batiste Carnoy, nascido na Bélgica em 1836, ordenado sacerdote em 1861, ele se doutorou em ciências naturais, em 1865, o padre botânico promoveu o uso do microscópio, e foi pioneiro no estudo das células. É dele a criação da importante fórmula da medicina conhecida por " Solução de Carnoy".

03- Geofísica- Todos os anos, a união Geofísica Americana concede a medalha " James B. Macelwane" a um cientista de 36 anos , 1833-1956, se dedicou ao ensino para jovens cientistas- O padre Jesuíta se ordenou padre e se doutorou em física com uma relevante dissertação sobre " sismologia " em 1923.

04- Medição Eletromagnética de vazão, Boaventura Thur Lemann.

05- Átomos e moléculas

Nascido na França em 1592, e ordenado padre em 1616, este sacerdote cientista recuperou as ideias dos antigos gregos sobre a existência dos átomos e fez a primeira distinção entre átomos e moléculas.

06 -Aviação

Bartolomeu Lourenço de Gusmão, todos os anos a força aérea Brasileira concede a medalha, " Bartolomeu de Gusmão " a pessoas que prestam serviços importantes para aeronáutica.

1685-1724 , é um dos precursores da Aviação, conhecido como " o padre voador".

07- Estrela binárias

Padre Cristian Mayer

08- Guido D' Arezzo ( 992 a 1050 ) este monge medieval é um dos responsáveis pelo sistema de notação musical moderna: foi ele quem criou a tetragrama e batizou as notas musicais ( apartir das primeiras sílabas de um hino em latim a São João Batista.

09- Arsenio

Santo Alberto Magno ( 1193 - 1280 ) sacerdote dominicano , bispo e doutor da Igreja, foi também químico a quem se credita a descoberta do Arsênio.

10- Roger Bacon ( 1214 a 1294 ) Frade Franciscano conhecido como " doutor admirável, fez estudos e pesquisas em áreas importantes do conhecimento como a mecânica, a ótica, e a geografia, além da filosofia.

11- Nicolau Oresme ( 1323 a 1382 ) Teólogo é bispo de Liseux , fez estudos , e pesquizas- filósofo, músicologo, economista, , matemático, físico, astronomo, com seu conhecimentos, descobriu a refração atmosférica da luz.

12- Athanasius Kircher ( 1602 a 1680 ) Jesuíta, cientista, inventor, poliglota, contribuiu com a medicina ao usar um microscópio rudimentar para examinar doentes da peste , um projetor de imagens criado por ele mesmo, possibilitou importante avanço na compreensão da peste boubonica.





A lista que você apresentou é interessante, pois demonstra como muitos indivíduos religiosos desempenharam papéis importantes no desenvolvimento de áreas científicas. No entanto, é essencial criticar a interpretação de que isso significa que a religião foi a origem da ciência ou que a fé religiosa foi a força motriz por trás de suas descobertas. Vamos explorar isso mais profundamente.

1. Ciência e religião como esferas distintas

Embora muitos cientistas fossem religiosos, suas descobertas frequentemente ocorreram apesar das instituições religiosas, não por causa delas. A ciência baseia-se na observação, experimentação e revisão constante, enquanto as religiões tradicionais tendem a se fundamentar em dogmas fixos. Muitos cientistas, como Galileu Galilei, enfrentaram resistência por parte da Igreja quando suas descobertas contradiziam interpretações bíblicas.

2. Motivações para o estudo científico

Muitos religiosos que se dedicaram à ciência o fizeram por diversas razões, como curiosidade natural, desejo de entender a "criação divina" ou simplesmente porque as universidades da época estavam ligadas à Igreja. No entanto, sua fé nem sempre estava diretamente ligada às suas descobertas científicas. Por exemplo:

  • Gregor Mendel, um monge, estudou genética porque era interessado em biologia, não porque sua fé o obrigava.

  • Roger Bacon enfrentou problemas com a Igreja por suas ideias experimentais.

3. A ciência moderna não deve sua existência à religião

A ciência moderna nasceu no contexto de ruptura com o pensamento religioso predominante. A Revolução Científica (século XVI e XVII) marcou o início de um método sistemático baseado na dúvida e no questionamento, características que frequentemente conflitaram com a postura dogmática religiosa.

  • A criação da Academia dos Linceus (1603) foi um marco, mas deve-se reconhecer que a ciência como prática experimental já vinha emergindo antes disso, inspirada por figuras como Copérnico e Galileu, que enfrentaram oposição religiosa.

4. Reconhecimento da ciência como um esforço humano universal

Muitas vezes, atribuir a invenção da ciência exclusivamente a religiosos ignora as contribuições significativas de culturas não cristãs:

  • Os antigos gregos, como Tales de Mileto, introduziram o pensamento lógico e naturalista.

  • Os árabes, durante a Idade de Ouro Islâmica, preservaram e expandiram o conhecimento grego e indiano, introduzindo avanços em álgebra, medicina e astronomia.

5. As limitações da influência religiosa

  • A insistência da Igreja em alinhar a ciência aos seus dogmas muitas vezes atrasou o progresso. Por exemplo, a visão heliocêntrica foi rejeitada por séculos devido à interpretação literal das escrituras.

  • Muitos avanços científicos ocorreram fora do controle da Igreja ou até mesmo em oposição a ela.

Conclusão

Embora seja verdade que indivíduos religiosos contribuíram significativamente para a ciência, isso não implica que a religião tenha inventado ou guiado a ciência. A ciência floresce em um ambiente onde há liberdade para questionar e experimentar, algo que muitas vezes foi restringido por instituições religiosas. O reconhecimento das contribuições de religiosos é importante, mas não deve obscurecer o fato de que o método científico, como o conhecemos hoje, é baseado em princípios que transcendem a fé religiosa.



 

Religiosidade de cientistas como estratégia de sobrevivência






Você trouxe pontos muito importantes sobre a relação histórica entre ciência e religião, e a questão da "promiscuidade" entre essas esferas no passado. De fato, nos tempos antigos e medievais, religião e ciência muitas vezes coexistiam por necessidade, mas isso não deve ser romantizado como uma aliança harmônica. Vou comentar sobre isso com base no que se observa historicamente:


1. Ciência e religião: uma relação de conveniência

  • No passado, a Igreja era uma das poucas instituições que apoiava a educação e a pesquisa. Monastérios e universidades religiosas eram os centros de aprendizado, o que fazia da religião uma das poucas opções para aqueles que buscavam conhecimento. Assim, muitos cientistas eram religiosos por contexto social, não necessariamente por convicção pessoal.

  • Essa "promiscuidade" entre ciência e religião muitas vezes não significava que a religião promovesse a ciência, mas que ela permitia avanços desde que estes não ameaçassem os dogmas religiosos.

2. A opressão de cientistas ateus

  • É verdade que, historicamente, ser ateu era perigoso. Durante a Idade Média e até o início da modernidade, admitir a descrença em Deus poderia levar à perseguição, prisão ou até morte. Isso obrigava muitos pensadores a esconderem seu ceticismo.

  • Muitos cientistas que eram ateus ou tinham visões divergentes sobre Deus, como Giordano Bruno, enfrentaram severas punições. Outros, como Galileu, tiveram que renegar suas descobertas para evitar consequências piores.

3. O "Deus" dos cientistas não é o Deus do crente comum

  • Muitos cientistas religiosos do passado, incluindo figuras como Isaac Newton, Einstein (apesar de ser mais moderno) e até mesmo Charles Darwin, tinham concepções muito diferentes de Deus.

    • Newton via Deus como um grande matemático ou engenheiro, uma força que criava as leis do universo, mas não intervinha milagrosamente no dia a dia.

    • Einstein descrevia Deus como um princípio de ordem e harmonia no universo, claramente distante da ideia de um Deus pessoal, que ouve preces ou interfere no destino humano.

Esses conceitos estão longe da visão teísta tradicional de um Deus que age diretamente na vida das pessoas.

4. Datas antigas e o contexto histórico

  • As datas apresentadas na lista mostram que muitas contribuições científicas ocorreram antes do Iluminismo (século XVIII), período em que a ciência começou a se desvincular explicitamente da religião.

  • Antes desse período, a ciência não era "livre". Ela funcionava sob o manto da religião porque não havia outra estrutura social disponível que permitisse a pesquisa sistemática.

5. A ruptura moderna entre ciência e religião

  • A Revolução Científica e o Iluminismo marcaram a ruptura entre ciência e religião, com figuras como Descartes, Copérnico, Kepler e Darwin desafiando as explicações religiosas para fenômenos naturais.

  • Esse movimento tornou a ciência uma disciplina independente, com base em observação, experimentação e repetibilidade, o que contrastava com a fé dogmática.

Conclusão: uma relação de conflito latente

Embora religião e ciência tenham convivido no passado, muitas vezes por necessidade, isso não foi uma relação igualitária. A ciência frequentemente progrediu apesar da religião, não por causa dela. A perseguição a ateus e céticos demonstra que a religião, como instituição, muitas vezes foi uma barreira ao pensamento crítico. Hoje, a ciência moderna se destaca por sua autonomia e metodologia, enquanto a religião permanece como uma estrutura de crenças que, em muitos casos, se opõe a descobertas científicas que desafiem seus dogmas.





 






 








 












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