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Jó, o “Cachorrinho de Deus” e a Teologia da Prosperidade: Refletindo sobre Calvino e o Valor do Sofrimento

Foto do escritor: Jorge Guerra PiresJorge Guerra Pires





A história de Jó na Bíblia sempre foi um ponto de debate e reflexão teológica. Afinal, quem é o responsável pelo sofrimento de Jó? Deus? Satanás? Ou o próprio sistema de fé? Ao mergulharmos nesse relato, vemos que as provações de Jó foram permitidas pelo próprio Deus em uma conversa surpreendente com Satanás, o que levanta uma questão desconfortável: Deus estaria, de alguma forma, permitindo o mal? Essa situação já inspirou muitos teólogos, incluindo João Calvino, a refletirem sobre a natureza do sofrimento e a presença do mal.


Foi Calvino quem sugeriu que Satanás, mesmo em seu papel de “acusador”, age dentro dos limites impostos por Deus. É como se ele fosse, nas palavras de Calvino, “o cachorrinho de Deus” — um ser que, ainda que rebelde, serve a um propósito maior na ordem divina. Essa ideia, embora provocativa, toca em um dilema central da teologia cristã: até que ponto o mal serve a um propósito divino?

A Ética do Trabalho e a Dignidade Humana

Outro conceito importante para Calvino foi a dignidade do trabalho. Embora a frase “o trabalho dignifica o homem” não seja dele, ela reflete bem sua visão. Para Calvino, o trabalho era uma vocação divina, uma forma de glorificar a Deus, tornando-se essencial para o caráter e a dignidade do ser humano. Isso ecoou tão profundamente que se enraizou em culturas ao redor do mundo, especialmente nas que valorizam a ética protestante.

Essa valorização do trabalho como expressão de fé influenciou o desenvolvimento de conceitos como a teologia da prosperidade, que surgiu nos Estados Unidos no século XX. A teologia da prosperidade distorceu o conceito original calvinista, passando a ensinar que riqueza e sucesso material são sinais garantidos de bênção divina — algo bem distante do que Calvino pregava, que via o sucesso mais como um resultado possível do trabalho árduo e da devoção.

Reflexões para Hoje

Estes conceitos provocam reflexões sobre o papel do sofrimento e do trabalho em nossa vida e fé. Será que o mal e a dor têm mesmo um propósito maior? E até que ponto o trabalho está ligado à nossa dignidade? Calvino, sem dúvida, trouxe ideias que até hoje influenciam tanto a religião quanto a cultura, mesmo quando reinterpretadas ou distorcidas. Seja na busca pela dignidade no trabalho ou na interpretação do sofrimento, a influência de Calvino continua a provocar discussões e interpretações, oferecendo pontos de reflexão tanto para crentes quanto para estudiosos.




 

A estória de Jó






 






 








 












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