A maior diferença entre o cérebro religioso e o cérebro científico jaz nas evidências. Um pesquisador muda sua opinião com novas evidências, o religioso não. Religiosos dão triplo carpado para aplicarem ensinamentos da bíblia, totalmente fora de contexto; isso cria lógicas frágeis, forçadas, sem embasamento. Ao passo que a forma como Aristóteles pensava foi melhorada, a forma como Newton pensava também foi melhorada. O contato com a realidade, com evidências, torna a ciência dinâmica, e mutável. A falta de contato com a realidade torna a religião estática.
Olhando do referencial de uma pessoa leiga, um pastor e um pesquisador é a mesma coisa: ambos fazem afirmações fortes da realidade, ambos usam livros, ambos ficam bravos quando não os ouvimos. A diferença aparece devido ao fato que pesquisadores usam fatos, ao passo que pastores não. Sim, algo tão simples quanto fatos faz a diferença. Fato é qualquer forma de verificar a realidade, como documentos e experimentos científicos em laboratório.
No mundo da ciência, existe um conceito chamado "o buraco do coelho". É uma forma de lembrar que pesquisadores podem delirar, como dizendo que o sol distorce o espaço tempo, ou que corpos podem entrar em sincronia mesmo estando distante. Contudo, eles precisam provar. Não importa o quão delirante seja sua teoria, você precisa provar. A prova vem ao comparar sua teoria com a realidade, sem colar, sem você ver. A teoria de Einstein previu uma distorção da posição das estrelas atrás do sol, e isso foi verificado.
Não é incomum pastores inflamados, bolsonaristas em geral. Por mais que seja raro, existem pastores não bolsonaristas, com um discurso mais religioso e moderado.
Pastores usam a bíblia como base, mas não existe nenhuma forma de verificar suas interpretações. No caso dos profetas do bolsonarismo, que seria a versão religiosa de pesquisadores, esses pastores não validam suas previsões. Para validar uma previsão, um pastor teria de fazer a previsão sem informar ninguém para evitar influenciar o sistema (seguidores). Quando um pastor fala que o Lula vai levar um tiro, isso pode influenciar seus seguidores a atirar no Lula.
Não é incomum inúmeras interpretações de textos clássicos na ciência, nem é incomum cientistas não conseguirem consenso. A diferença é que nenhuma versão se torna oficial até ser aceita pela comunidade científica.
Algo visível com pastores é que não há formas de validação e negação dos falsos profetas. No caso da igreja católica, o poder central através do Papa repudiou abertamente o uso da violência em nome de Deus na politica; além de expulsões de padres que usam a palavra de Deus para jogar fies contra o Lula. Não vi nada assim entre pastores. Parece cada um por si, cada um interpreta como deseja a bíblia, e usa seu poder para controlar os fieis; parece um gosto insaciável pelo poder uma vez que a banca evangélica já é uma das mais poderosas, a ponto de eleger Bolsonaro e ser base do governo. Grande parte dos pastores bolsonaristas são pastores sem igreja física: usam as redes como forma de ganhar seguidores, e inflamar a base contra o Lula.
Durante muito tempo a igreja e a ciência brigaram para narrarem a bíblia; a igreja já fez o papel que hoje é feito por pesquisadores, por universidades. Cabeças foram cortadas, como a de Galileu Galilei. Diferente da Europa, o Brasil nunca teve o movimento iluminista, que veio depois do movimento religioso que recebemos dos Europeus.
Países fundamentalistas possuem regras assustadoras para nós: como o marido poder espancar a esposa em caso de adultério. Nossa bíblia também possui atrocidades, como o marido poder vender a filha. No nosso caso, os que mais sofrem são a comunidade lgbtqia+, que infelizmente não sofreram o mesmo tratamento do que as filhas que não são vendidas, apesar da bíblia permitir. A pergunta que fica é por que algumas partes da bíblia são ignoradas e outras não. Acredito que uma subida dos evangélicos ao poder poder ser arriscado para todos nós. No momento, temos um país laico, mas o bolsonarismo mostrou os perigos de religiosos tendo poder demais. Como exemplo, uma lei de origem religiosa queria punir pessoas que fazem interpretações da bíblia fora do contexto religioso. Não é papel do estado ficar monitorando usa da bíblia.
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