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Foto do escritorJorge Guerra Pires

Deus não gosta de censo: coletar estatística é um crime divino




Sabemos da importância de coletar dados, antes de tomar decisões. Mas Deus não gosta disso, além de casamento homoafetivo, claro.



O censo mencionado na Bíblia, particularmente em 2 Samuel 24:1-10 e seu paralelo em 1 Crônicas 21:1-8, não se assemelha exatamente aos censos modernos, usados para fins estatísticos, administrativos e de planejamento governamental. Naquele contexto, o censo era uma contagem da população masculina, geralmente voltada para a organização militar ou tributária. Contudo, a realização desse censo por Davi é retratada como um pecado grave, o que levanta várias questões sobre seu propósito e as razões da punição divina.

Como era o censo na Bíblia?

  • Propósito militar: O censo servia principalmente para avaliar a força militar disponível, contando homens aptos para a guerra (geralmente acima de 20 anos). Era uma ferramenta de poder político e estratégico.

  • Razões tributárias: Também podia ser usado para calcular tributos, especialmente para grandes projetos como o Templo ou campanhas militares.

  • Aspecto religioso: O censo tinha conotações espirituais. De acordo com a tradição judaica, a contagem do povo deveria ser feita com extremo cuidado, pois cada pessoa era considerada pertencente a Deus, e contabilizá-las diretamente podia ser visto como uma tentativa de "possuir" ou controlar algo que era divino.

Por que o censo de Davi foi considerado pecado?

  1. Motivações orgulhosas: A Bíblia sugere que o censo foi motivado pelo orgulho de Davi ou por sua falta de confiança em Deus. Ao contar os soldados, ele estaria confiando mais em sua força militar do que na proteção divina.

  2. Violação da lei: A Torá (Êxodo 30:12-16) prescrevia que todo censo fosse acompanhado de um tributo por pessoa para evitar pragas. Essa regra parece não ter sido seguida no censo de Davi.

  3. Provocação divina ou tentação satânica: Em 2 Samuel 24:1, o texto afirma que Deus incitou Davi a realizar o censo, enquanto em 1 Crônicas 21:1, é dito que foi Satanás quem o incitou. Essa diferença pode refletir diferentes interpretações teológicas sobre a origem da tentação e da responsabilidade.

Como o censo foi realizado?

  • Joabe, o comandante do exército, foi encarregado por Davi de contar os homens aptos para a guerra em Israel e Judá. Ele hesitou, alertando Davi sobre o pecado que isso poderia representar, mas cumpriu a ordem, embora relutantemente.

  • O número final foi de 800.000 guerreiros em Israel e 500.000 em Judá.

  • Depois de concluído, Davi sentiu remorso, reconhecendo que tinha pecado ao ordenar o censo.

Consequências do censo

  • Deus deu a Davi três opções de punição:

    1. Três anos de fome.

    2. Três meses fugindo de seus inimigos.

    3. Três dias de praga sobre o povo.

  • Davi escolheu a praga, e 70.000 pessoas morreram como resultado. Mais tarde, Davi implorou a Deus que a culpa recaísse sobre ele e sua família, e a praga foi interrompida.

Comparação com os censos modernos

  • Propósito: Enquanto o censo de Davi tinha objetivos militares ou fiscais, os censos modernos são ferramentas administrativas que visam coletar dados demográficos para planejamento social, econômico e político.

  • Legitimidade: Nos tempos bíblicos, um censo não autorizado ou mal conduzido podia ser visto como uma afronta à soberania divina. Hoje, o censo é amplamente aceito como uma prática neutra e necessária para a gestão pública.

  • Conotação espiritual: Os censos modernos não carregam o peso espiritual ou teológico que os censos bíblicos tinham.

Reflexões sobre o episódio

O episódio do censo de Davi é intrigante, pois expõe tensões teológicas e narrativas:

  • Se Deus é onisciente e sabia que Davi cometeria esse "erro", por que incitá-lo (ou permitir que Satanás o fizesse)?

  • A punição — uma praga que matou milhares de inocentes — parece desproporcional, especialmente porque foi Davi quem ordenou o censo.

  • A história pode refletir um esforço posterior para explicar uma calamidade histórica (como uma praga) com base em uma narrativa moral e teológica.

Essa abordagem revela mais uma vez como as histórias bíblicas podem ser interpretadas como tentativas humanas de explicar eventos a partir de uma perspectiva reversa, atribuindo significado divino a acontecimentos trágicos.



 






 








 












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