"Se houvesse um Deus, acho muito improvável que Ele teria uma vaidade tão inquieta a ponto de se ofender com aqueles que duvidam de Sua existência." Bertrand Russell
"Quem me dera ao menos uma vez
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês
Sua maldade, então, deixaram Deus tão triste" Legião Urbana
Nos últimos tempos, temos observado um fenômeno intrigante: a facilidade com que muitos cristãos se ofendem. Um exemplo recente disso foi a abertura das Olimpíadas, onde um espetáculo que fazia referência aos deuses gregos e refletia sobre as guerras modernas foi mal interpretado como uma ofensa ao cristianismo. Mas o que realmente motivou essa reação?
O diretor artístico do evento explicou que a intenção era provocar uma reflexão sobre a brutalidade das guerras atuais, como o conflito entre Israel e o Hamas e a guerra na Ucrânia. No entanto, muitos cristãos ao redor do mundo, incluindo no Brasil, sentiram-se ofendidos e expressaram seu descontentamento.
A semelhança entre a Última Ceia e a festa dos deuses na mitologia grega pode ter sido um dos motivos. O cristianismo, afinal, possui várias características em comum com antigas tradições religiosas. A história de um deus nascendo de uma virgem e ressuscitando não é exclusiva do cristianismo, mas faz parte de um padrão repetido em várias mitologias.
Além disso, há outros casos que provocam ofensa, como o recente filme da Barbie, onde a personagem foi interpretada como gay. A Barbie, sendo um produto mercantil, não tem afiliação religiosa, mas sua representação como um ícone cristão idealizado pode ter chocado alguns por sua desconstrução. Essa reação é mais uma evidência da ligação entre o cristianismo e a tradição cultural ocidental, que muitas vezes reflete padrões de colonização.
Os cristãos, por vezes, demonstram essa sensibilidade por dois motivos principais: a resistência à crítica e à ignorância. Historicamente, o cristianismo se manifestou com violência contra o que considerava heresia. A execução de heréticos na fogueira é um lembrete de como as crenças religiosas já foram defendidas com fervor mortal. Hoje, essa agressividade se manifesta nas redes sociais, mas as raízes do problema permanecem.
A ofensa não é exclusiva dos cristãos; muitas religiões possuem mecanismos de defesa similares, que variam de acordo com o contexto sociopolítico. No Islã, a representação do profeta Muhammad é considerada um crime, assim como muitas vezes já foi no cristianismo. A diferença é que o cristianismo, hoje, está inserido em sociedades democráticas, onde a liberdade de expressão é mais protegida.
Concluindo, os cristãos se ofendem com facilidade devido a uma combinação de fatores históricos e culturais. A resistência ao questionamento e a defesa das tradições como parte da identidade cultural são centrais para essa reação. No entanto, é importante lembrar que todas as religiões enfrentam desafios semelhantes em um mundo que está em constante mudança e questionamento.\
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