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Foto do escritorJorge Guerra Pires

Primeiro Copernicus, depois Dawin: o homem nunca foi o centro do universo



Até um certo tempo, a igreja como instituição religiosa vendeu que erávamos o centro do universo: isso tanto como planeta quanto como espécie. Por incrível que pareça, essa ideia era científica. Essa ideia era baseada na ciência da época, desenvolvida pelos gregos. Contudo, cientistas modernos começaram a desafiar essa visão, entre outras como a lua sendo perfeita, desafiada por Galileo. Claro, todos enfrentaram a fúria da igreja que na época detinha poder sobre os estados. Os estados laicos que temos hoje foi uma evoluçõa desses conflitos.


A religião também vende a ideia de que Deus criou tudo em sete dias (Livro de Gênesis). Então veio a segunda pancada da ciência na religião: as espécies evoluíram, não foram criadas do nada. Isso significa que cada espécie no mundo compartilha em algum ponto laços em comum. No livro Sapiens, temos a discussão da evolução dos homens, houveram outros que ficaram para trás, quebrando o elo com os macacos, primatas em geral. Ou seja, em algum ponto, erávamos a mesma espécie. Compartilhamos um ancestral comum com os macacos. Somos primatas e compartilhamos uma história evolutiva comum com nossos parentes primatas, incluindo os macacos. A ciência nos ensina sobre nossa conexão próxima com esses primatas, nossos primos em primeiro grau


Essa interpretação literal dos sete dias da criação é incompatível com a ciência moderna. As evidências científicas indicam que a Terra tem bilhões de anos, não apenas alguns milhares. A teoria da evolução também descreve um processo gradual e complexo ao longo de milhões de anos, em vez de uma criação instantânea em sete dias. A versão mais moderna é chamada de epigenética: "mutações" que ocorrem entre gerações, bem mais rápido.



Nem todos os religiosos, seguidores da bíblia, compartilham essas visões. E nem todas as religiões criaram essa forma de ver o mundo. Muitos acharam formas de manter a espiritualidade dada pela religião com a ciência moderna. Eu sempre achei isso um desafio: como manter essas duas visões de mundo no mesmo lugar. Como exemplo, existem pessoas que tentam argumentar em como a bíblia não é o oposto da ciência, achando formas de fazer a religião coexistir com a ciência moderna. Algumas pessoas veem os relatos religiosos, como os encontrados na Bíblia, como alegorias ou símbolos que transmitem verdades mais profundas. Em vez de interpretar literalmente os sete dias da criação, por exemplo, elas podem considerá-los como representações poéticas do processo evolutivo. O teísmo evolucionário é uma abordagem que combina a crença em Deus com a aceitação da teoria da evolução. Os teístas evolucionários acreditam que Deus orquestrou o processo evolutivo e que a ciência revela os mecanismos pelos quais isso ocorreu.


A coexistência entre religião e ciência varia de pessoa para pessoa. Algumas encontram conforto na harmonização dessas perspectivas, enquanto outras preferem mantê-las separadas. O diálogo aberto e respeitoso entre cientistas, teólogos e filósofos é fundamental para explorar essas questões profundas. Para mim, o mais importante é sempre evitar o fundamentalismo religioso, a radicalização. Como exemplo, impedir alunos de aprender sobre a teoria da evolução, projeto que já rodou no congresso brasileiro; ou mesmo sobre sexo, projeto que sempre volta ao congresso brasileiro, impedido o direto básico dos brasileiros, que é da informação. Para mim, a forma mais eficiente de separar é lembrar que ciência lida com o mundo, com verdades da natureza, religião lida com a espiritualidade humana, algo interno, com nossos medos e incertezas. Também nunca esquecer que não temos somente uma religião, temos várias. Cada religião lida com universo de forma diferente. O erro fatal, que vejo com frequência, é quando religiosos tentam usar a bíblia onde deveriam usar ciência. A bíblia não explica o universo, apenas serve de guia para as pessoas, uma viagem humana, individual.












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